Fui o responsável pela recolha de alimentos de um banco alimentar num supermercado

Não é que me agrade esta tarefa, mas pediram-me para o fazer e alguém tem de fazê-lo.

Arranjar voluntários para todos os horários não me foi fácil, principalmente para o domingo de tarde. Há também que contar com os imprevistos de última hora, alguém que fica doente ou que por outra razão não pode vir.

Ao contrário da propaganda negativa que alguns grupos fazem, nomeadamente alguns grupos políticos, a esmagadora maioria dos voluntários, seja da recolha de alimentos, seja na logística depois disto, já no banco alimentar, não se tenta aproveitar dos alimentos recolhidos, muito pelo contrário, também quer contribuir e compram alguns alimentos para doar. Acho estranho que alguns setores políticos tentem combater tudo o que seja iniciativa privada para ajudar os que mais necessitam e ainda por cima alguns dos que fazem isto dizem-se de esquerda e defender políticas solidárias.

Nem todas as pessoas são corteses para com os voluntários, mesmo assim temos de ser simpáticos para com todos, mesmo para com aqueles que são desagradáveis para com os voluntários. Apesar disso a generalidade das pessoas é afável para com os voluntários, principalmente se forem crianças ou jovens.

Curioso é que estando muito tempo na entrada do supermercado, e já faço isto há vários anos, apercebo-me que há um número significativo de pessoas que "faz a ronda" por vários supermercados e até regressa ao mesmo supermercado várias vezes num mesmo fim de semana. Obviamente isto ocorre mais com reformados. Também acabamos por nos aperceber, generalizando, que tipo de pessoas ajuda mais ou ajuda menos. Pessoas mais pobremente vestidas tendem a doar menos, o que era de esperar, mas pessoas vestidas de forma vistosa, a parecer que vão para uma festa, dão menos ainda, o que não era tanto de esperar. Pessoas vestidas de forma cuidada, mas discreta, tendem a ser os mais generosos. Isto na minha experiência pessoal, que obviamente não tem nenhum rigor científico, até porque a minha experiência é empírica e apenas de um supermercado, que é sempre o mesmo há vários anos.

Aparecem algumas pessoas a dizerem que precisam de ajuda. Ficámos com os contactos para avaliar depois a necessidade dessas pessoas. Um desses casos verificou-se precisar realmente de ajuda.