Última reflexão do ano e sugestão de leitura
No início de 2024 comprei um livro independente de um escritor que se divulgava na rua e, desde então, penso com frequência sobre o conteúdo dele. A obra é uma ficção chamada “Restou a escrita” e narra, por meio de depoimentos, recortes da vida de Sujeito, alguém que, por onde passava, manifestava-se diante do que considerava errado ou injusto e, assim, tornava-se, infelizmente, malquisto por muita gente.
O que comento neste post não é spoiler, dado que o livro é bastante rico em assuntos e nem é especificamente sobre educação, é mais sobre busca por identidade, então quem estiver interessado, não precisa de se preocupar.
Em um período da vida, Sujeito foi professor de escola pública, daqueles jovens românticos que querem fazer a diferença no sistema de ensino, mas que, aos poucos, percebe que a realidade no Brasil é diferente da relatada nos filmes do exterior. Em um certo ponto (não darei detalhes do contexto para realmente não estragar experiências de leitura), Sujeito enche a escola onde trabalha com cartazes, e o conteúdo dos cartazes é o seguinte:
“Dez obviedades que o meio educacional finge desconhecer:
1 - Frequentar a escola NÃO É estudar;
2 - Tirar boas notas NÃO É aprender;
3 - Diploma NÃO É conhecimento;
4 - Preparar aula NÃO É copiar e colar o que está escrito em um plano de ensino pré-definido;
5 - Recuperação NÃO É trabalhinho;
6 - Ser difícil NÃO É ser malvado;
7 - Ser fácil NÃO É ser bondoso;
8 - Idade NÃO É experiência;
9 - A relação crítica-sugestão NÃO É um desrespeito a autoridades; e
10 - Cumprir regras NÃO É garantia de que o caminho está certo.”
O livro já vinha mexendo comigo, e nessa parte dos cartazes a reflexão bateu muito forte. Talvez porque também fui não só aluno como professor de escolas públicas e ficava triste em ver como o sistema brasileiro é focado na quantidade e não na qualidade, e ficava mais triste ao ver muitos colegas de profissão em um estado de “Não tem o que fazer, é o que é.”. Mais triste ainda é saber que livros como este, feitos sem qualquer auxílio de editora e cujo autor é completamente desconhecido, não ganham o alcance que merecem.
Mas chega da palavra triste. Que possamos encontrar inspiração nos diversos exemplos de bons trabalhos que estão sendo feitos por aí, dentro ou fora das escolas, para melhorar, mesmo que um pouquinho, nossa educação. Torço para que todos nós possamos nos apoiar como colegas de profissão construindo um 2025 feliz e enriquecedor tanto para nós professores quanto para aqueles sob nossa responsabilidade.
Um grande abraço.